domingo, 10 de novembro de 2013

EU LAVARIA SEUS PÉS


Certo  dia  chovia.
A  água  que  lavava  as  ruas
Também  lavam  meus  pés.
Encontros  e  desencontros  acontecem...  enlouquecem...
A  mulher  e  o  homem,
Uma  vida  e  o  amor.
Amor,  plenamente  amado
Agora  ferido,  quebrado,  arrebatado,
Como  quem  arranca 
Do  jardim  uma  flor.
Paixão  jogada,  desprezada  ao  chão...   
Um  amor  querido,
Por  outros  braços  envolvido
Sufoca  com  seus  gemidos
Outros  lábios  que  já  não  são  meus.
A  chuva  que  molhava 
O  rosto  dela,
Também  molhava  o  meu.
Quem  abraçava 
Seu  corpo  molhado,
Quem  sentia 
Seu  cheiro  desejado
Era  outro,  não  era  eu.
Um  amor  quebrado
Rolado  em  pedaços
Se  espalha  ao  chão...
E  eu,   continua  ali,  apaixonado,
Na  linha  de  frente,
Tomando  de  gole  em  gole
Toda  aquela  aguardente.
Palavras,  lacradas,  seladas,
Que  marcam  agente
E  a  vida,  quebrada  em  pedaços
Rolava  no  chão.
Era  como  se  a  chuva 
Fosse  lágrimas  de  uma  paixão
Por  um  amor  que  morria...
Por  um  coração  que  sofria...
Abraça-la,  beija-la,  tê-la  de  volta,
Era  todo  o  que  queria.
Eu  lavaria  seus  pés...
Mas  olhava  e  tudo  girava,  ao  meu  redor...
Sem   amor,  sem  rumo  naquela  rua  vazia...
Que  chovia...



Ant.  Andrade           Out,  2013

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